Última modificación: 2017-10-04
Resumen
Este trabalho procura discutir a recepção da obra do sociólogo brasileiro Sérgio Miceli (1945-) pelo historiador, também brasileiro, Nicolau Sevcenko (1952-2014), ambos pioneiros dos estudos culturais no Brasil - Miceli como discÃpulo de Pierre Bourdieu. Metodologicamente falando, são tomadas como referência três fontes principais: duas resenhas escritas por Sevcenko, para um jornal brasileiro de grande circulação, tratando de dois livros de Miceli – “Intelectuais à brasileira†(2001) e “Nacional estrangeiro: história social e cultural do modernismo artÃstico em São Paulo†(2003); e um exemplar de “Nacional estrangeiro†anotado pelo próprio Sevcenko. Nesse sentido, emergem como pano de fundo considerações sobre os instrumentos da sociologia lado a lado com as ferramentas da história. Nomeadamente, em um momento inicial (anos 70 e 80) de maior embate ao redor da introdução de novas abordagens e problemáticas no mundo acadêmico, paulista e brasileiro, pelos dois intelectuais tratados aqui. Sevcenko parece estabelecer inicialmente uma clivagem entre os instrumentos do sociólogo e os do historiador antenado com as mudanças do momento (linguistic turn, história da cultura, abordagem interdisciplinar). Posteriormente, parece haver uma maior aproximação (anos 90 e 2000) ao redor dos temas da sociologia da cultura e da história social e cultural. Mas agora é Miceli, lembrando a inflexão na obra de Bourdieu na época, que estabelece uma melhor calibragem entre uma matriz analÃtica da sociologia da cultura em diálogo com outros campos, com destaque para o exame de obras de pintura, primeiro em “Imagens negociadas†(1996) e, já nos anos 2000, em “Nacional estrangeiroâ€.