Última modificación: 2020-01-08
Resumen
As festas, embora sejam momentos de celebração e alegria, são também arenas de tensões e disputas, cujas causas podem ser internas e externas. E as festas também são palcos de apresentação, para os “de dentro†e para os “de foraâ€.
Estes vários jogos de equilÃbrio, que a etnografia põe a descoberto, convocam uma reflexão acerca de determinados fenómenos sociais (como a mercantilização da cultura ou a turistificação das festas populares) e uma problematização de certos conceitos que se têm banalizado (“culturaâ€, “tradiçãoâ€, “patrimónioâ€).
Se nos bastidores das festas, existem conflitos e contendas, nos palcos, para além de música e dança, desenrolam-se espectáculos de afirmação identitária.
Os processos de patrimonialização têm na mira o turismo e desencadeiam nas comunidades expectativas e resistências. Quando a “cultura†entra nos circuitos da indústria turÃstica, as populações vêem-se na encruzilhada de divulgar as suas “tradições†e com isso, perderem, eventualmente, o controlo que sobre elas sempre tiveram. E assim, a “cultura popularâ€, transformada em “patrimónioâ€, deixa de ser do “povo†para passar a ser um dispositivo de promoção e atracção turÃstica. Todos estes termos, usados também para falar da “autenticidade†e da “alma genuÃna†de um povo, são ainda instrumentalizados para reivindicações identitárias. Os seus usos e apropriações variam consoante os actores em causa, mas todos, os “de dentro†e os “de foraâ€, participam dessa construção social.
A partir do caso da festa da Bugiada e Mouriscada de Sobrado (Portugal), estes assuntos serão discutidos, pondo em evidência as diversas formas de “fazer a festaâ€.